A procissão dos homens anuncia a vida a partir da morte, alimentando a fé e as energias vitais para enfrentar um cotidiano marcado por inúmeras dificuldades.

Com o objetivo de registrar uma tradição rica em simbolismos, o documentário "A procissão dos homens" foi filmado no povoado de Bananeiras, Território do Piemonte Norte de Itapicurú.


Quem sou eu

Ficha Técnica: Diretora - Clarissa Rebouças; Ass. de direção - Lara Belov; Diretor de Fotografia - Jero Soffer; Produtor - Davi Caires; Produtor local - Ailton Ribeiro; Still - Belle Mojás; Operador de Áudio - Kleber Morais; Montagem - Marcelo Villanova; Desenho de Som e Finalização de Áudio - Glauco Neves

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Início das entrevistas

Finalmente chegou o dia da primeira entrevista, optamos por começar por seu João de Souza porque ele é um dos poucos homens que sabem tirar os benditos na Procissão dos Homens.

Seu João tem uma história de vida particular, diz que desde muito novo ia pra roça ajudar os pais e que sempre esteve atento ao pai e seus amigos quando se reuniam pra tocar pífano e zabumba nas festas e reuniões.



Assim, por observação e vivência foi pouco a pouco aprendendo musica, quando adulto se tornou um dos cantores da igreja e um dos protagonistas das manifestações religiosas que envolvem musica em Bananeiras. A partir da entrevista de seu João, foi possível estabelecer um fio condutor para as entrevistas seguintes.
O trabalho com audiovisual é sempre pautado num processo orgânico, com a rotina os profissionais envolvidos entram na dinâmica a ponto de se entenderem por olhares ou simples gestos. Neste documentário não foi diferente, a primeira entrevista estava permeada de ansiedade e um certo nervosismo, que foi sendo quebrado quando o contato com seu João se estabeleceu e tínhamos a impressão que conversávamos informalmente.


A entrevista foi boa, apesar da intensa variação de luz que interferiu bastante na fotografia, mas nada que a prejudicasse. Tivemos uns contratempos com o som por causa da musica em outras casas, aliás, isso sempre ocorria, mas como já disse antes, o povo de Bananeiras sempre esteve disposto a ajudar.
Ao final da entrevista, seu João tocou a matraca pra gente conhecer e captar este som. Ele explicou como se dava o uso desta na procissão: demarcação de que um pedido acabou e o seguinte pode prosseguir. Seu João ainda tocou sanfona, pífano e nos mostrou seu violão que estava com algumas cordas estragadas. Daí surgiu a idéia de comprar cordas novas para ele, inclusive porque também queríamos tocar.





No mesmo dia pela tarde, agora mais tranqüilos, fomos à casa de dona Terezinha, lembro que na primeira visita de pré-produção, o depoimento dela foi um dos que mais me chamou atenção por ela admitir a curiosidade que sentia pela Procissão dos Homens e por fugir escondida quando criança para observar o que acontecia ali.
Atualmente dona Terezinha continua participando da Procissão, embora esteja freqüentando uma igreja pertencente a outra religião. Seu marido, também entrevistado, diz não participar, pois diz que nunca foi muito dado a freqüentar a igreja.

 Clarissa Rebouças, Jero Soffer e Dona Terezinha.

 Ailton Ribeiro,Davi Caires, Lara Belov, Jero Soffer e Clarissa Rebouças.

No fim da tarde fomos ao cemitério onde captamos imagens muito bonitas dos túmulos encontrados ali: desde aqueles com arquitetura gótica, passando por outros feitos de azulejos a montes de terra visivelmente formados por corpos ali enterrados. Procuramos registrar aquele lugar compondo cuidadosamente as fotografias em movimento.

 Clarissa Rebouças
 
 Clarissa Rebouças, Jero Soffer e Davi Caires

 Davi Caires

Um comentário:

  1. Adorei o texto e as fotos que ilustram muito bem o clima do trabalho: denso e fino! Parabéns à equipe e estou super curiosa para finalmente poder assistir!

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