A procissão dos homens anuncia a vida a partir da morte, alimentando a fé e as energias vitais para enfrentar um cotidiano marcado por inúmeras dificuldades.

Com o objetivo de registrar uma tradição rica em simbolismos, o documentário "A procissão dos homens" foi filmado no povoado de Bananeiras, Território do Piemonte Norte de Itapicurú.


Quem sou eu

Ficha Técnica: Diretora - Clarissa Rebouças; Ass. de direção - Lara Belov; Diretor de Fotografia - Jero Soffer; Produtor - Davi Caires; Produtor local - Ailton Ribeiro; Still - Belle Mojás; Operador de Áudio - Kleber Morais; Montagem - Marcelo Villanova; Desenho de Som e Finalização de Áudio - Glauco Neves

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Decisões importantes

No segundo dia de entrevistas fomos a casa de seu Mário Quirino, o poeta da cidade. Um senhor muito simpático que nos ajudou a enriquecer os conhecimentos sobre Bananeiras e sobre a procissão, e trouxe sua visão lúdica através dos seus poemas, muito bem cuidados, impressos em colorido e que levam em grande parte a foto do poeta de Deus, como seu Mário Quirino costuma se chamar.

Mário Quirino, Kleber Morais, Lara Belov, Jero Soffer e Clarissa Rebouças

Jero Soffer, Mário Quirino, Clarissa Rebouças e Lara belov

Clarissa Rebouças
Demoramos um pouco para achar o enquadramento adequado neste dia visto que o quintal de seu Mário é pequeno, mas conseguimos colocá-lo posicionado num bonito facho de luz.


Lara Belov, Jero Soffer, Clarissa Rebouças

A conversa fluiu muito bem tanto que pudemos na mesma manhã seguir pra casa da avó de Núbia onde foi realizada a entrevista com ela. Núbia é uma das jovens de Bananeiras mais envolvida com as histórias e as produções locais, sendo uma entrevistada que enriqueceu bastante o documentário e trouxe o olhar de uma moradora mais jovem.

Núbia Santana
Jero Soffer, Kleber Morais, Clarissa Rebouças e Núbia Santana
 
Núbia Santana e Jero Soffer
Lara Belov e Jero Soffer
Pela tarde fizemos testes de som e câmera na igreja a fim de encontrar os enquadramentos e as posições que privilegiariam o registro da procissão no dia marcado.

Lara Belov e Jero Soffer

À noite fomos mais uma vez ao cemitério a fim de fazer testes de luz e câmera, o objetivo era escolher a íris e o obturador ideal visto que a iluminação em Bananeiras a noite é bem fraca, principalmente o cemitério que não conta com nenhuma luz.

Ailton Ribeiro e Jero Soffer

Jero Soffer, Clarissa Rebouças e Lara Belov

Jero Soffer, Clarissa Rebouças e Lara Belov

Ailton Ribeiro

Ailton Ribeiro

Neste dia ficou decidido o uso de velas em grande quantidade espalhadas pelas paredes do cemitério e que faríamos a procissão em preto e branco porque a opção em cor deixaria a imagem vermelha e preta. Creio que esta opção foi acertada visto que de noite no cemitério só se vê a escuridão iluminada por pontos luz vindo das velas.
Esta decisão foi crucial e de fundamental importância pro filme.
 Davi Caires e Jero Soffer

Clarissa Rebouças

Davi Caires, Clarissa Rebouças e Jero Soffer


Obrigada a todos pelos comentários, mas por favor não esqueçam de assinar seus nomes para que eu possa saber quem está comentando.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Início das entrevistas

Finalmente chegou o dia da primeira entrevista, optamos por começar por seu João de Souza porque ele é um dos poucos homens que sabem tirar os benditos na Procissão dos Homens.

Seu João tem uma história de vida particular, diz que desde muito novo ia pra roça ajudar os pais e que sempre esteve atento ao pai e seus amigos quando se reuniam pra tocar pífano e zabumba nas festas e reuniões.



Assim, por observação e vivência foi pouco a pouco aprendendo musica, quando adulto se tornou um dos cantores da igreja e um dos protagonistas das manifestações religiosas que envolvem musica em Bananeiras. A partir da entrevista de seu João, foi possível estabelecer um fio condutor para as entrevistas seguintes.
O trabalho com audiovisual é sempre pautado num processo orgânico, com a rotina os profissionais envolvidos entram na dinâmica a ponto de se entenderem por olhares ou simples gestos. Neste documentário não foi diferente, a primeira entrevista estava permeada de ansiedade e um certo nervosismo, que foi sendo quebrado quando o contato com seu João se estabeleceu e tínhamos a impressão que conversávamos informalmente.


A entrevista foi boa, apesar da intensa variação de luz que interferiu bastante na fotografia, mas nada que a prejudicasse. Tivemos uns contratempos com o som por causa da musica em outras casas, aliás, isso sempre ocorria, mas como já disse antes, o povo de Bananeiras sempre esteve disposto a ajudar.
Ao final da entrevista, seu João tocou a matraca pra gente conhecer e captar este som. Ele explicou como se dava o uso desta na procissão: demarcação de que um pedido acabou e o seguinte pode prosseguir. Seu João ainda tocou sanfona, pífano e nos mostrou seu violão que estava com algumas cordas estragadas. Daí surgiu a idéia de comprar cordas novas para ele, inclusive porque também queríamos tocar.





No mesmo dia pela tarde, agora mais tranqüilos, fomos à casa de dona Terezinha, lembro que na primeira visita de pré-produção, o depoimento dela foi um dos que mais me chamou atenção por ela admitir a curiosidade que sentia pela Procissão dos Homens e por fugir escondida quando criança para observar o que acontecia ali.
Atualmente dona Terezinha continua participando da Procissão, embora esteja freqüentando uma igreja pertencente a outra religião. Seu marido, também entrevistado, diz não participar, pois diz que nunca foi muito dado a freqüentar a igreja.

 Clarissa Rebouças, Jero Soffer e Dona Terezinha.

 Ailton Ribeiro,Davi Caires, Lara Belov, Jero Soffer e Clarissa Rebouças.

No fim da tarde fomos ao cemitério onde captamos imagens muito bonitas dos túmulos encontrados ali: desde aqueles com arquitetura gótica, passando por outros feitos de azulejos a montes de terra visivelmente formados por corpos ali enterrados. Procuramos registrar aquele lugar compondo cuidadosamente as fotografias em movimento.

 Clarissa Rebouças
 
 Clarissa Rebouças, Jero Soffer e Davi Caires

 Davi Caires