A procissão dos homens anuncia a vida a partir da morte, alimentando a fé e as energias vitais para enfrentar um cotidiano marcado por inúmeras dificuldades.

Com o objetivo de registrar uma tradição rica em simbolismos, o documentário "A procissão dos homens" foi filmado no povoado de Bananeiras, Território do Piemonte Norte de Itapicurú.


Quem sou eu

Ficha Técnica: Diretora - Clarissa Rebouças; Ass. de direção - Lara Belov; Diretor de Fotografia - Jero Soffer; Produtor - Davi Caires; Produtor local - Ailton Ribeiro; Still - Belle Mojás; Operador de Áudio - Kleber Morais; Montagem - Marcelo Villanova; Desenho de Som e Finalização de Áudio - Glauco Neves

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A noite da procissão

A preparação pra procissão começou por volta de 16h. Convidamos Leu, um morador do local, para nos ajudar com a iluminação do cemitério e com o tráfego do cartão da câmera que precisava ser consecutivamente descarregado e substituído por um vazio. A base foi a casa de Núbia que fica no meio do caminho entre a igreja e o cemitério, trajeto básico da procissão.




Reunimos toda equipe para recordar mais uma vez de que maneira iríamos realizar a cobertura de toda a procissão. Davi Caires ficou com a câmera Sony EX1, responsável por ficar fixo na igreja no início da procissão e depois de começado o ritual, gravar os planos gerais dos homens indo ao cemitério e no próprio cemitério também. Foi nesta mesma câmera que Kleber Morais gravou o áudio da procissão. Ele trabalhou com dois canais, sendo um boom captando o som ambiente e um lapela preso em João de Souza, que compõe a frente da Procissão dos Homens. Gravando os planos fechados e mantendo-se sempre próximo a João de Souza, ficou Jeronimo Soffer com uma Nikon D90. Cobrimos as câmeras com papel filme para proteger da chuva.






Depois da reunião, Ailton deu seguimento às nossas tarefas, colocou as várias velas que compramos nas paredes do cemitério pra deixar ele mais iluminado pra noite. As velas ficaram presas numa traquitana que Jero inventou, uma espécie de prateleira.

Iniciada a procissão, fiquei com Davi dentro da igreja gravando os cantos e as rezas que antecedem a procissão, depois recebemos o sinal de que João de Souza e Zé da Tota já haviam ido pro cemitério, eles realmente saem sem que ninguém veja, é impressionante. Davi então seguiu na direção que todos os homens iam.









E eu, como todas as outras mulheres, fiquei próxima aos atores da via sacra que iniciaria tão logo os homens terminassem o ritual no cemitério e descessem em procissão. Um clima de mistério tomou conta, fiquei curiosíssima pra saber o que se passava ali no cemitério, só conseguimos ouvir de longe. Foi um momento muito bonito quando os homens apareceram e se juntaram aos jovens que fazem a via sacra. Um momento que liga sombolicamente no presente o passado ao futuro.

Depois seguimos em procissão, dando a volta na praça e retornando a igreja. Havia muita gente e foi muito bonito de ver. A princípio estávamos apreensivos, principalmente eu porque por ser mulher não pude acompanhar a filmagem no cemitério. Mas confiei em Davi e Jero e o resultado foi ótimo.

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